Como é possível que a Espanha reivindique Gibraltar ? Criados como britânicos, com melhores condições económicas, os gibraltinos não querem ir de cavalo para burro. Curiosamente, a Espanha diz que este argumento é inaceitável, porque as soberanias não estão à venda, e que houve alterações étnicas. Como é possível que Marrocos reivindique Ceuta e Melilla ? Criados como espanhóis, com melhores condições económicas, os habitantes das duas praças não querem ir de cavalo para burro.
Curiosamente, Marrocos diz que este argumento é inaceitável, porque as soberanias não estão à venda, e que houve alterações étnicas. Como é possível que Portugal reivindique Olivença ? Criados como espanhóis, os oliventinos, com melhores condições económicas não querem ir de cavalo para burro.
Curiosamente, Portugal pouco vai fazendo de concreto, para dizer que este argumento é inaceitável, porque as soberanias não estão à venda, e que houve alterações étnicas. Mas, entretanto, vão surgindo uns comentadores, que, claro, têm direito a exprimir a sua opinião, que, pensando fazer boa figura, recorrem aos lugares comuns mais "grosseiros", e vão dizendo que não se deve integrar os oliventinos na "desgraça" que é Portugal. Claro, porque coisas como "dignidade" e "justiça" são insignificantes. Só ficam bem em estrangeiros. E, evidentemente, o facto de, ao longo dos últimos duzentos anos, as condições de vida em Portugal já terem sido por mais de uma vez superiores às de Espanha, é um pormenor desprezível. Bem como o facto de isso poder vir a suceder de novo. Claro, nunca acontecerá a graças a comentadores que têm uma imagem tão "positiva" de si e do País.
Parafraseando Kennedy, nunca lhes passaria pela cabeça, em vez de perguntarem o que o País pode fazer por eles, interrogarem-se sobre o que eles podem fazer pelo País. Há um problema nestas equações sobre soberanias em disputa. Alguns portugueses parecem ter dificuldades em equacionar estas questões como quase todos os Estados fazem: na defesa de princípios, de princípios do Direito, e no campo da dignidade. E, já agora, no campo da justiça histórica ! Em 1801, Olivença era, segundo autores espanhóis, uma povoação comparável a Badajoz e Elvas, ao contrário do que sucede hoje.
O que terá sucedido no século XIX ? Não se terá andado de cavalo para burro ?
Carlos Luna Prof. História ESTREMOZ
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